Quero pedir licença para trazer a vocês uma boa surpresa que recebi por e-mail, uma pegada de poesia de cordel, faz deste poema uma ótima experiência a nossa sensibilidade. Um brinde a você meu brother!
João de Barro
Arranca toco da Terra
Perrengue de mata careca
Caindo casa do galho
No tronco já velho e falho
João de barro a chorar
João bateu asas pro norte
Foi ao encontro da sorte
Joana que estava em casa
Sumiu no meio da brasa
A ave queria entender
João ficou arrasado
Olhou seu barro quebrado
Encontrou numa canção baixinha
Joana morrendo sozinha
Então lhe cobriu com amor
João de barro calou
João de barro pensou
O céu não é mais liberdade
Se na terra esta sua saudade
E pra cá voltará sem saber
No meio da brasa desmaiou
Não viu Joana quando acordou
Estava entre duas mãos
Ardentes pelo calor de sua missão
Ser solidário somente ao que vê
Foi um homem que salvou João
O colocou em uma caixinha de papelão
João lá preso ficou
Imaginando que criatura o salvou
De olhos carinhosos e coração cego
E assim pela tarde Inteira
João escuta toda a choradeira
Dos gritos de dor pra sobreviver
Da agonia de estar pra morrer
Os homens não podiam escutar
Ta chegando o bicho gente
Ele ta mostrando os dentes
Corre que lá vem o açoite
Quem quiser dormir de noite
Fica longe desse animal
O verde se torna cinza
A vida se torna extinta
Teve sorte este João
Em sua caixa de papelão
Viajando sem suas asas no ar
Este mundo é muito grande
Mas o verde se acabou
Para ser João de Barro
Sem o barro eu não sou
Quero ser o que fui sempre
Viajar com minhas asas
Mas aquilo que eles tocam
Num instante se acaba
Se alguém sorri pra mim
Eu não vejo alegria
A minha real beleza
Já se foi naquele dia
Não entendo o meu destino
Que se estende sem motivo
Pois se eu não sou mais livre
Não há porque estar vivo
Mas o homem aprende um dia
Depois de tanto errar
Que para receber os céus
Não precisa saber voar
Rafael Pedrosa
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