domingo, 27 de dezembro de 2009

Adivinha...

“São muitos os que usam a régua, mas poucos os inspirados”

Platão






Em todas as suas relações, o ser humano guarda a péssima mania de esperar da outra parte relacionada, uma perfeição que beira o absurdo.

Platão nos ensina em seus escritos que muitas vezes, idealizamos um ser perfeito (de acordo com nossa própria concepção de perfeição), e em posse deste pré-retrato, saímos em busca da derradeira personagem. Dificilmente iremos encontrar a pessoa perfeita, e viver o conhecido amor platônico, que muito difere daquele conhecido pela população em geral. O amor platônico “original”, consistia na essência mais pura do sentimento, livre até mesmo da própria paixão, onde o amante poderia vislumbrar o ser amado em um plano superior, sem as diversas lentes discriminatórias que vamos incorporando a nossa visão com o passar dos anos. Quem nunca foi apresentado a uma namorada (o), de um amigo (a), que foi previamente exaltado com as mais nobres qualidades de um deus (a), e que, quando lhe é apresentada, a primeira coisa que lhe vem à cabeça é: “Nossa, é isso ai?!”. Eis ai o “original” amor platônico;

O poeta Aristófanes, pregava que nos primórdios da antiga “sociedade moderna”, o homem e a mulher eram unidos pelas costas e formavam um único ser, igualável aos deuses em beleza e perfeição. Por toda essa magnitude do ser homem/mulher, os deuses do Olimpo se enciumaram e partiram em busca de uma solução para neutralizar a concorrência, e foi Zeus, que teve a supimpa idéia de lançar um raio que dividiria homem e mulher, jogando cada um bem distante do outro, condenando ambos a eterna busca pela outra metade.

Então logo vem o bicho-homem munido de todas as teorias filosóficas, cria uma imagem perfeita do ser amado, e como em posse de um Data Show, projeta SUAS expectativas no ser amado, e fica a observar e esperar que ele corresponda coreograficamente a tudo que a ele não foi cobrado, não foi dito, nem pedido, pois desde que inventaram o verbo: adivinhar, nenhum relacionamento foi o mesmo. Tendemos a agir de forma que, nossos anseios sejam tão óbvios para os outros, quanto é para nós, como se tivesse voltado no tempo e novamente unificados corpo e alma com o ser amado, e todos os pensamentos e sensações seriam duplicados entre as duas partes. Mas a realidade é outra, e às vezes nem nós mesmo somos capazes de dizer se estamos com fome ou não, ou quando temos vontade de comer algo especifico, mas não conseguimos entender o que!

O ser humano é um animal instável, volátil e inconstante, não espere dele nenhum grau de perfeição, nos desentendemos constantemente com nossos familiares, que são sangue do nosso sangue, com os quais crescemos e fomos educados. Seria justo cobrar de uma pessoa que conhecemos a muito menos tempo, que ela seja o paraíso na Terra, que nunca nos magoe, que entenda e realize todos os nossos anseios afetivos e sociais?

Neste final de ano repense suas expectativas, suas cobranças, repense todas as suas relações, seja ela amorosa, familiar ou amigável. Tenha relacionamentos mais leves e duradouros. Em palavras mais simples, viva mais e seja menos sensível com tudo o que não foi de acordo com o que você idealizou

3 comentários:

  1. [...]Oq foi prometido, ninguem prometeu[...]
    Pq é tao dificil ter coragem de assumir a propria responsabilidade sobre a propria vida?

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  2. Além de menos sensível, devemos ser também menos sinceros, ou pelo menos pensar um pouco mais antes de falar, assim evitamos de magoar quem tanto gosta da gente.

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  3. Acho que tem uma frase que simplica tudo isso:
    "Fale o que pensa, mas pense antes de falar!"

    Muito obrigado pela participação Aline, um grande abraço

    Beijos

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